Relação abusiva: Como identificar
O assunto é delicado e na maioria das vezes quem está sofrendo esse tipo de situação não percebe o ciclo em que está inserido, demora a aceitar e buscar ajuda – seja por medo ou até mesmo dependência emocional ou financeira da outra pessoa.
Ao contrario do que muitos pensam, o relacionamento abusivo muitas vezes não começa com agressões verbais e físicas, mas com demonstrações sutis de ciúmes e possessão.
O casal adora passar tempo juntos e se diz apaixonado. No entanto, com o tempo, o parceiro começa a fazer exigências estranhas e agir de forma incomum. As pessoas apegadas a um parceiro tóxico percebem que alguma coisa não está certa em seu relacionamento, mas não conseguem terminar.
No post de hoje, vamos entender um pouco mais sobre esse assunto e as características do relacionamento abusivo.
Principais caracteristicas e como identificar
A violência física é a mais conhecida e mais fácil de identificar, já que há agressões, mas as veladas, bastante comuns, não são tão fáceis assim, já que elas vêm normalmente disfarçadas de zelo e cuidado.
Além disso, essas atitudes características de relacionamentos abusivos vêm acompanhadas de frases como: “só faço isso porque te amo muito”, ou “esse é o meu jeito de demonstrar amor e carinho”, que buscam normalizar esse tipo de comportamento controlador.
Após um período vivendo nessas condições, a vitima passa a se sentir cansada, assustada e confusa, além de duvidar da verdadeira identidade e caráter do parceiro.
Essas emoções negativas são alertas importantes que não devem ser ignorados. Outros sinais incluem:
- Você se pergunta se não está ficando louco.
- Você se sente pequeno e sem importância.
- Sua autoestima está extremamente baixa.
- Você perde a vontade de falar com amigos e familiares.
- Você constantemente busca a validação do seu parceiro.
- Você passa a acreditar nas palavras dele ou dela.
- Você acha que ninguém vai gostar de você além do seu parceiro.
- Conversar com o parceiro tornou-se difícil. Às vezes, você sente medo de abordar determinado tópico.
- Você inventa desculpas mirabolantes para explicar o comportamento atípico do parceiro.
- As suas mentiras para pessoas queridas aumentam.
- Você também mente para si mesmo que está tudo bem, apesar de saber que a situação que vive não é normal.
- Você deixa de fazer o que ama por causa do parceiro.
🚨 Sinais de alerta 🚨
Abaixo listaremos algumas atitudes do parceiro que pode indicar que você ou pessoas próximas estejam vivendo uma situação assim.
Queremos mostrar como identificar os sinais, pois um tapa nunca é o primeiro a chegar.
1. CIÚME EXCESSIVO
Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões, ofensas ou invasão de privacidade, é excessivo.
2. PEDIDO CONSTANTE DE MUDANÇA
Outra característica de um relacionamento abusivo é a imposição — sutil ou não — de mudanças no comportamento (ou fisicas).
Não estamos falando de críticas construtivas, que emergem em diálogos francos. É claro que a pessoa que vive com você pode lhe sugerir novos hábitos, lhe instigar a explorar novos gostos. Isso é aprendizado, crescimento, evolução!
Porém, num relacionamento tóxico, as sugestões de mudanças ganham outros tons. Geralmente, são moralistas.
“Que tal emagrecer, trocar o guarda-roupa, mudar o cabelo, parar de frequentar tais lugares e se tornar uma pessoa ainda mais bonita?”
O que custa fazer algumas mudanças para agradar a pessoa amada, não é mesmo?
Existem mudanças que potencializam nossa personalidade. Nossa voz cresce, o eu se torna mais seguro e ciente de suas particularidades. E existem as mudanças que nos enjaulam, diminuem, anulam nossas vontades e expressões próprias.
Diante de uma proposta de mudança, pergunte-se, sempre: “o que ela faria por mim?”
Se você precisa mudar tanto, a ponto de se anular, é porque você não é pessoa que seu parceiro procura. Nem ele é a pessoa que você poderá chamar de parceiro.
3. INVASÃO DE PRIVACIDADE
Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte.
Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade. Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”.
4. AFASTAMENTO DE OUTRAS PESSOAS
As justificativas podem ser muitas: fulano é má influência, ciclano dá em cima de você, não gosto daquela pessoa, aquela outra me trata mal.
O fato é que ele vai exigindo que a companheira se afaste das pessoas mais próximas, criando uma dependência por parte do parceiro.
5. VIOLENCIA VERBAL E PSICOLOGICA
Neste ponto você já está se questionando se é mesmo tão errada e ruim como o parceiro diz. A vitima tende a se sentir insegura e pensar que ninguem irá a amar, senão o parceiro.
Assim, o medo, a dor e a tristeza de estar passando pelo abuso passam a ser enxergados como besteira pela própria vítima, fazendo com que ela permaneça no relacionamento abusivo, mesmo infeliz.
6. AMEAÇAS
Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam comuns. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. “
No caso das relações abusivas, em geral as ameaças são o principal indício de que a violência física vai chegar a acontecer.
7. VIOLÊNCIA FÍSICA
Ela também é gradual. Começa com empurrões ou apertões e vai crescendo com o passar do tempo. Em casos extremos, a violência chega ao ponto do assassinato.
Onde denunciar
Pessoas que vivem em um relacionamento abusivo podem ligar para a Central de Atendimento à Mulher, no número 180. O serviço recebe denúncias, dá orientação e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico à vítima de relacionamento abusivo.
Caso a vítima seja mulher, também é possível realizar denúncias de violência pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
O passo seguinte é solicitar medida protetiva contra o abusador, a fim de manter distancia do mesmo.